sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

É a idade

Hoje encontrei o meu primeiro cabelo branco...Isto faz-me mal.

Apetece-me FP, o único que me compreende...

NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete! 


Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!


Álvaro de Campos, in "Poemas"

Lisbon Revisited (1923) 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

New in

Porque não é só de tristezas que o mundo é feito...Aqui estão. Fico à espera que a Calvin Klein me compense pela publicidade. Aceito uns aneizitos ou um relógio, não sou muito esquisita.


Um aumento à minha colecção, prenda de anos. Lindoooooo!
Os meninos que eu já namorava há tanto tempo...Prenda de anos.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

To be or not to be. Is it the question?

Descobri outra coisa que também invento. Fantasias. Preciso de um par de estalos de realidade para aterrar os pés no chão. No fundo sou eu que me iludo a mim própria, pois a minha realidade fictícia é muito mais bonita que a verdadeira. Na minha ilusão, a história tem muitos episódios. Depois vou a ver, em concreto, e afinal só tem meia dúzia, e todos eles fraquitos até. Parece que sonho acordada. Acho que tenho dupla personalidade.

Há momentos em que estou ciente e lúcida, e consigo ver as coisas friamente, que é precisamente quando a tristeza se abate sobre mim, pois vejo a fatalidade da realidade. Aqui sou objectiva e alinhavo determinações perante o panorama que se me apresenta. Chego mesmo a escrever notas para mim própria, esses tais estalos de realidade, para não vacilar e para interiorizar as transcendências que me iluminam nesta fase. Doi, mas sou consciente.

Noutras alturas, prefiro enganar-me a mim própria, e pensar que nada é assim tão linear, preto no branco, que há um sem fim de paletes de cores e que não há verdades inexoráveis, certas. Aqui vivo num mundinho colorido e bonito, e alegro-me perante a ilusão de que tal pode acontecer em meu favorecimento.

Neste momento estou confusa, não sei qual das minhas facetas será a acertada, se é que existe um certo nisto tudo. Sendo fria e implacável estilo ou sim ou não, não há cá meias verdades nem dúvidas existenciais. Ou uma miúda com esperanças e que acredita num leque de possibilidades felizes, mesmo quando o presente é cinzento.

A título de exemplo:
Na maior parte do tempo (e da minha vida), sou apologista do ou se gosta ou não se gosta, contrariamente ao aprender a gostar. Isto para aquelas situações em que as pessoas andam umas com as outras porque calhou, e porque é boa pessoa e tal, e posso aprender a gostar. Isto para mim não existe. Para mim, ou dá faísca ou não dá. Se não dá, a coisa não há-de correr bem. Não digo que só haja amores à primeira vista, não. Mas tem que haver qualquer coisa, de início. Se não há interesse suficiente para pôr a máquina a mexer, não é no "vamos indo" que vai despertar. Ou queres, ou não queres. Não tens certeza? Tens dúvidas? Então é porque não é. E pronto, não adianta bater no ceguinho, adeus e um abraço.

No entanto, tem dias em que sou crente e...parva, vá. Que vacilo. Que pondero que se calhar as coisas não são assim tão lineares, nem há parâmetros supra definidos ou estipulados, e cada caso é um caso. Que talvez as pessoas tenham diferentes maneiras de gostar e de começar a gostar. Que pode haver o andar a conhecer e o deixa andar a ver no que dá.

E depois, claro, tem dias que me canso da minha dupla personalidade e invento uma terceira, que manda tudo à merda e desiste de tentar ler o ilegível.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Nonsense

Estou revoltada. Com isto. Com tudo. Com todos. A vida é ingrata, injusta, madrasta, puta. A vida é uma grandessíssima puta. Sem querer ofender as putas. E não consigo tirar sentido nenhum de coisa nenhuma. Esforço-me, mas só concluo que não há sentido algum. A vida é um grande nonsense.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Loosen up

Já sei qual é o meu problema. É preocupar-me demais, pensar demasiado. É isso, não é? Fazer mil e um filmes na minha cabeça e pensar em mil e uma respostas para problemas e questões que no fundo provavelmente nem existem. Preciso de loosen up, desbloquear o que me prende, afastar o que me azucrina, o que me tolda o julgamento. Acho que é isso. Sei lá. Tudo tem a importância que nós atribuimos, e é certo que dou demasiada importância a muita coisa. Como me consigo desprender? Gostava de ser mais "deixa andar"... Por vezes até crio discussões sozinha, sou daquelas que faz a festa, lança os foguetes e no fim ainda fica a limpar os restos... Obviamente que não é favorável à minha sanidade mental e vivo numa constante turbulência, altos e baixos por tudo e por nada. Tem dias que acordo já com aquela sensação de que nada está bem, e depois procuro a sua origem, e quem muito procura sempre encontra, mesmo tendo que inventar um bocadinho... Eu consumo-me a mim própria. Isto acentua-se quando tenho excesso de tempo livre, que leva a um funcionamento extraordinário do Tico e do Teco, e estes burros atribuem significados imaginários a situações vulgares (thanks D* :p). Eu acho que é isso. Agora a questão é, como contornar este meu distúrbio? Tenho que praticar o "caga nisso".

Que super-poder escolhias?

Já decidi que super-poder gostava de ter. Voltar o tempo atrás. Sim, andei muito tempo indecisa entre a invisibilidade, ler mentes, voar... Mas não há nenhum que se sobreponha ao poder de mudar o passado, mexer com o tempo, essa coisa tão fatal e imutável. O que diz isso de mim? Nao sei. Que me arrependo de muita coisa? Não são bem arrependimentos, mas tanto que faria diferente... Se iria fazer diferença, mudar o presente? Também não sei... Não, não vivo presa no passado, obviamente, mas quem não gostaria de voltar atrás? Fosse para viver de novo, fosse para alterar, fosse para evitar, fosse para agir... O tempo atraiçoa-nos com a sua fugacidade, quando sabemos o que dizer/fazer, ja é tarde de mais. É aquele instante, aquele segundo que se perde e não volta. É incrivel, não é? Como tudo muda mesmo quando nada se faz... Ou é porque se devia ter feito, ou é porque...porque porque porque! Se...se, se, se... A vida impõe-nos demasiados "ses", por haver demasiados caminhos, demasiadas escolhas (mesmo não tendo consciências delas), um labirinto que se embrulha, um novelo que se emaranha. 

Ou então é só porque gosto de relógios. 
Posso ter o meu super-poder agora?

Up and down, up and down, up and down

Sinto-me um iô-iô. 


sábado, 15 de fevereiro de 2014

Pensa o que quiseres

Se há coisa que odeio que me digam é "Pensa o que quiseres". Não que nunca o tenha dito, sim já disse, mas quando quero mesmo demonstrar que me estou a marimbar para essa pessoa. "Pensa o que quiseres" é mandar à merda. Eu sei que penso o que quero, mas cabe à outra pessoa, se a isso se dignar, tentar mudar a minha opinião e mostrar-me que estou errada. E "Tu é que sabes, pensa o que quiseres", uiii adoro...Eu sei que eu é que sei, e eu sei que penso o que quero. Não me venham dizer o que já sei, digam-me o que queira saber. Ai, 29 anos sem liberdade de pensar! E agora finalmente posso pensar o que quiser! Uau, é que nunca tal me tinha ocorrido...A quem de direito, eu respondo: vai tu.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

To give up

“O pior é sempre o momento em que se desiste. Mas pior ainda do que o momento em que se desiste é o momento em que se decide desistir. O momento em que, com coragem, se consegue dizer: acabou.
Pior do que o efectivo instante em que acaba é o efectivo instante em que se decide que acabou. É aí, e não antes nem depois, que a dor maior assoma: é aí que a derrota assoma.
Pior do que perder é ser obrigado a decidir perder.”

Pedro Chagas Freitas


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A infelicidade é apenas a falta de realismo nas expectativas


Hoje disseram-me isto. True. Dizia o meu amigo FP, que também partilhava este dogma, "És feliz porque és assim, todo o nada que és, é teu." Mas será falta de realismo nas expectativas ou será ter mesmo expectativas? Porque o realismo nas expectativas é muito subjectivo, ora, se são expectativas é porque aguardamos um resultado que desconhecemos, e se desconhecemos esse mesmo resultado, o mesmo não pode ser previsto com realismo, certo? Então o mal é mesmo o "esperar algo". Eu sempre pensei que era realista, aliás, um todo ou nada pessimista até, precisamente para esperar o pior de modo a não ter desilusões. Mas a esperança é uma coisa tramada, sacana, que nos faz acreditar num desfecho positivo mesmo quando não queremos e negamos a pés juntos que é isso que esperamos. É inevitável aquele vestígio de esperança, de ilusão, a imaginação foge-nos sem dar conta, e de repente já são feitos filmes inteiros e respectivas sequelas na nossa cabecinha. E é nesse momento que a comédia romântica vira drama, quando nos puxam o tapete e nos pregam uma rasteira. Basicamente e no fundo desta treta toda, para não nos desiludirmos o ideal é nos estarmos a cagar. Não nos importarmos. Fácil falar, mas na hora da verdade é difícil ser assim... Eu já aprendi que acabamos por nos desiludir com toda a gente que nos rodeia. Mas também tenho consciência que isso só acontece que esperamos demais uns dos outros, esperamos que nunca nos mintam, que estejam sempre lá, esperamos mil e uma coisas. Life's a bitch e o ser humano é imperfeito. Já aprendi a ser benevolente e a aceitar os defeitos dos outros (e a tentar corrigir os meus). Só ainda não aprendi a baixar as expectativas ao nível certo...

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014




Para ti, D*, minha leitora assídua, Haja o que houver, estou aqui para ti. *

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Inelutável



“Há decisões que não decidimos; há decisões que nos são decididas. Decisões que, por mais voltas que dermos, por mais sins e nãos que quisermos, e conseguirmos, dar, nunca passarão de ser exactamente aquilo que estavam destinadas a ser.
Há sins que por mais vezes que sejam ditos nunca evitarão os nãos que no final serão ditos. E, claro, há nãos que por mais vezes que sejam ditos nunca evitarão os sins que no final serão ditos."
Pedro Chagas Freitas

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Negação. Raiva. Negociação. Depressão. Aceitação.

Pensava eu que estava no penúltimo estágio, e que não tardava a completar todo o processo e a seguir com a minha vidinha. Pelos vistos não, fiquei confusa e às tantas ainda nem passei da primeira fase. Ou então realmente já estava no final de todo o processo mas trocaram-me as voltas e voltei ao início, tipo Monopólio. Domingo aconteceu-me uma cena que me fez perceber isto. Ora, sem querer apaguei as mensagens todas que tinha no telemóvel. Paniquei. Aliás, primeiro fiquei em choque e de boca aberta a olhar para o dito cujo (lá está a tal fase da negação "Eu não acabei de fazer isto!"). Depois pensei "Pronto, é da maneira que fica resolvido, fresh start. É o destino. Assim também não ando a ver mensagens antigas que não servem para nada a não ser para pensamentos desviantes." Pois, chamo-lhe destino ou chamo-lhe trambolhice. Tentei, juro que tentei. Uns bons 15 segundos. Mas sou daquelas pessoas que gosta de ir ver as mensagens e as conversas, estupidez de gaja provavelmente, não vejo gajos com esses comportamentos. Normalmente só apago as mensagens quando troco de telemóvel e não posso evitar, está mal, pois está. Exteriormente consigo cortar o vínculo facilmente, mas no meu íntimo não... Mas claro que foi muito repentino e eu não me conformei, não consegui aceitar de ânimo leve, burra burrinha como só eu. E o iPhone é aquela coisa maravilhosa que apesar de ser ridiculamente fácil apagar um conjunto de mensagens, também é possível recuperá-las através do iCloud e iTunes. Infelizmente né. Era mais simples se não as tivesse conseguido recuperar. E foi assim que descobri que voltei à negação.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Ópio, alguém arranja?

Sim, é verdade. Dá-me para escrever quando me encontro num estado inferior, seja ele de tristeza, de revolta, de desilusão. Quando estou contente e feliz e alegre e aos saltinhos e a cantar no duche, não sinto necessidade da escrita... Ou não sinto necessidade ou então a minha inspiração tem origens duvidosas em tudo o que me faz mal. Deve ser uma fusão das duas hipóteses, ao mesmo tempo que descarrego para aqui o negrume que me vai na alma, afinca-se a minha vontade de escrever. Até tem o seu sentido, já que dizem que é nos momentos de devaneio que muitas vezes se encontra a lucidez, já ouvi de falar de grandes ideias que surgiram aos 39ºC de febre. Se calhar é o que me está a fazer falta, um bom serão de febre a ver se atinjo a sanidade e a paz interior. Vou tomar diligências nesse sentido. Também é certo e sabido que grandes génios tinham o seu twist de insanidade, eram incompreendidos, sofridos, vá, loucos. Não, eu não sou um génio (louca às vezes), mas o que quero dizer é que acho que a criatividade é fruto da demência, o cosmos no centro do caos, uma percepção diferente da realidade só adquirida por mentes inconformadas.