domingo, 29 de agosto de 2010

Conchinha

"Queres saber um segredo? Eu não sou má....Faço-me de má para que nunca mais pessoas más se aproximem de mim...." Na verdade, pessoas que se escondem dentro da concha dura e inquebrável são frágeis e já foram magoadas por alguém...E é mais fácil ter esse disfarce de badass...Assim parece que tudo nos é indiferente e nada nos atinge. O que não é a realidade. Pode não ser o ideal, guardar tudo cá dentro e sofrer com pequenas coisas sem ninguém dar por ela...mas pelo menos os "outros" não têm o prazer de saber que nos afectam, de saber que nos podem magoar tão facilmente com simples gestos, atitudes ou palavras. Podemos perder muito com isso, claro, perder um "desculpa", um "não era a minha intenção" ou até um "interpretaste mal". Mas gato escaldado de água fria tem medo...fico aqui na minha conchinha, até a minha confiança ser conquistada...ou insegurança relativamente ao ser humano, como lhe queiram chamar... Tenho as minhas manias, como toda a gente...e esta...não faz mal a ninguém...apenas protege.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

doença.

a cidade está deserta e alguém escreveu o teu nome em toda a parte....
nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas....
em todo o lado essa palavra repetida ao expoente da loucura...
ora amarga...ora doce...
para nos lembrar que o amor é uma doença...
quando nele julgamos ver a nossa cura...

quarta-feira, 9 de junho de 2010

ELOGIO AO AMOR - Miguel Esteves Cardoso in Expresso

"Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.
Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não  se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem  planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de  ser combinado.
Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O  amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão,  que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão  prática.  O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade,  ficam"praticamente"  apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores  do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a  saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como  um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? 
O amor é  uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para  onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O  amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe,  não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é  necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por  muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. 
E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo  de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."




Será que ainda existe?

domingo, 11 de abril de 2010

Letargia

A olhar para as estrelas peço...um interesse. Um pequenino e inofensivo interesse, é pedir muito? Um que me faça acordar com um sorriso, que me faça adormecer com vontade do dia seguinte...um objectivo, um rumo, um desejo...nada surge...e vive-se uma vida vazia, dias cheios de nada.
Vagueando pelos cantos do meu subconsciente...em busca de algo que se calhar não existe. Às vezes o que se quer não se procura, encontra-se...e quando não há esperança de encontrar, o que acontece?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O alentejo

Eu até queria escrever....eu tenho vontade de escrever mas não me ocorre nada para escrever...
Pronto, vou escrever sobre não escrever!
Eu não escrevo porque ando sossegadinha da vida, ora não tenho aborrecimentos, nem emoções fortes...se a minha vida fosse Portugal, neste momento a minha localização seria o Alentejo!
O meu neurónio estava sentadito à sombra de um sobreiro,mítica palha na boca e a dizer ao transeunte: atão compadrriiiii....

Ora também nao sinto falta de emoções fortes (pelo menos para já)!


**hasta***