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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Game of Thrones

"Deixa-me dar-te um conselho, bastardo - disse o Lannister. - Nunca te esqueças de quem és, porque de certeza que o mundo não o fará. Faz disso a tua força. Assim não poderá ser nunca a tua fraqueza. Arma-te com essa lembrança, e nunca poderá ser usada para te magoar."

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A reason why. Cavalos.

"O cavalo ensinou-me a ter medo e a vencer o medo; O cavalo ensinou-me e descontrair perante o meu nervosismo; O cavalo desenvolveu, em mim, a noção de prudência e de medida, obrigando-me a tentar acertar a sua passada antes de corrermos o risco do obstáculo; O cavalo ensinou-me a cair e, com ele aprendi, sobretudo, a levantar-me firme na determinação de continuar o percurso, fosse qual fosse a dor e o esforço que ele custasse; No exercício da equitação aprendi quanto é necessária a firmeza no mando e como esta requer o ser discreto na intervenção e suave no comando; Por tudo isto, a equitação não é apenas um exercício físico pois que tanto contribui para formar em nós o hábito do autodomínio, a noção da modéstia das nossas forças e dos nossos conhecimentos, como a paixão de corrermos o risco, sempre que possível calculado. Como dizemos na cavalaria, o cavalo ensina-nos a ter coração." 

(José Gonçalo Sottomayor Correia d’Oliveira, Novembro de 1967)

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Ahhhh, Marilyn...

"Uma rapariga esperta beija mas não ama, 
ouve mas não acredita, 
e deixa antes de ser deixada"

Marilyn Monroe

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Funeral Blues - W. H. Auden

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever: I was wrong.

The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good.





(Este poema foi dedicado ao André Sousa Bessa, pela namorada.)

quarta-feira, 25 de junho de 2014

E viveram felizes para sempre: a terra prometida, nunca encontrada…

"Apesar de vivermos na modernidade, com tecnologia, globalização, multiculturalismo e progresso há certas ideias, certos preconceitos, que perduram sem que nada os sustente a não ser uma vontade indomável de que a realidade obedecesse a esse ideal e não às leis que efectivamente a governam… Uma dessas ideias é o “viveram felizes para sempre”.

A culpa está disseminada: pelos poetas e pelos escritores (e seus devaneios românticos e odes à paixão), passando pelos argumentistas e realizadores (vejam-se as comédias românticas, um dos géneros cinematográficos mais perniciosos…), pelos contos de fadas e demais contos infantis, pelas escolas, pela TV, ou mesmo pelo sonho de quem está apaixonado e quer para sempre assim ficar, ou de quem não está mas deseja estar, enfim, a cultura ocidental está cravejada de uma mitologia romântica que nunca passou o teste da realidade. Esta é uma ideia, uma mentira ensinada às criancinhas (e também aos adultos), que se torna como que um mantra que, de tanto se repetir, acabaria por se concretizar…

E não se pense que isto é uma questão de somenos importância: a criação de falsas expectativas nas pessoas é um factor destrutivo de felicidade…

O problema é que nunca na história da humanidade se provou, se vivenciou, o “viveram felizes para sempre”. Pelo menos na interpretação que nos é transmitida em que “viveram felizes para sempre” significa “viveram felizes e apaixonados para sempre”…

Sei bem que as utopias, os sonhos, podem servir o propósito de pôr o mundo a avançar. Mas não neste caso. É que não podemos mudar a condição humana! Não podemos mudar, em particular, os mecanismos biológicos que regem as nossas paixões. Criar ilusões, fantasias, nunca cumpríveis, só propicia frustração, inquietação, infelicidade. Não só a paixão não é duradoura, nem sequer é um bom mecanismo de "matching" de longo prazo. A paixão é um mecanismo biológico que, na evolução humana, visou criar laços temporários entre um homem e uma mulher para que a procriação e os cuidados pós-natais fossem possíveis. A “química” faz com que nos apaixonemos por alguém que será um bom "matching" reprodutivo (já há estudos que o demonstram) e não por quem preenche os requisitos para que uma vivência a dois, sustentavelmente feliz, seja possível…

Contrariar o preconceito
Ninguém vive, nunca viveu, nem nunca viverá apaixonado para sempre pela mesma pessoa! Os neurologistas que estudam a paixão já demonstraram como a paixão se exaure ao fim de dois anos, até porque o corpo não mais aguentaria: a paixão é um estado alterado de consciência, um vulcão químico interior que nos torna viciados e obcecados pelo outro. E nem sequer amamos o outro senão uma idealização que dele fazemos… Os padrões neurais da paixão assemelham-se aos dos cocainómanos tal é o vício e a cegueira que de nós se apodera. Por isso, muitos psicólogos aconselham a que ninguém se case enquanto está apaixonado, uma vez que não conseguimos aí avaliar se o outro é, de facto, bom para nós…

Toda esta quimera da paixão misturou-se, na contemporaneidade, com a instituição casamento (ou vivência a dois), tendo-se passado a exigir dessa instituição algo para a qual ela nunca foi testada (e para a qual, objectivamente, não foi criada): a vivência perpétua, plena e feliz, dos cônjuges… O casamento é uma instituição que foi criada por motivos económicos para juntar interesses familiares e, mais tarde, para criar um espaço para a procriação em que o homem provia o sustento e a mulher o trabalho doméstico. Nesse tempo, a lei e a moral impediam o divórcio e ninguém exigia que esse fosse um espaço de felicidade. Sendo esta a história não deixa de ser surpreendente como, de repente, se passou a demandar do casamento tamanha façanha…

A realidade, porém, vem sempre ao de cima: a taxa de separações é hoje a maior de sempre, mostrando a dificuldade da conjugação da independência individual com o projecto conjugal feliz…

Por isso se torna fundamental contrariar o preconceito e ensinar as pessoas (e desde a infância) a conviverem com a realidade e a procurarem os paraísos possíveis. No final, há sempre lugar a escolhas, mas no espaço da realidade: podemos querer viver sempre em paixão, num pulular continuado de paixões em que o amor é “infinito enquanto dura”, mas em que vamos alterando sempre o nosso parceiro (qual Vinicius de Moraes, que se casou e descasou 9 vezes…); podemos também matarmo-nos (juntamente com a nossa amada) enquanto estamos apaixonados (quais Romeu e Julieta), cumprindo assim, efectivamente, o desígnio “viveram felizes para sempre”!; outra alternativa é construir uma relação a partir da amizade e evoluir para um amor sustentável; ou aprender a amar o outro, depois de morrer a paixão que nos ligava, e conviver com a lembrança dessa paixão; ou alicerçar o casamento num qualquer compromisso (religioso, familiar, económico, etc.) e manter essa empresa em bom funcionamento…

Enfim, nesta vida podemos querer ter tudo mas nunca vamos ter tudo. Se queremos ser felizes é bom estarmos preparados para o real e começar por não ensinar mentiras às criancinhas…"

Texto de Gabriel Leite Mota • 16/04/2013 
http://p3.publico.pt/actualidade/sociedade/7500/e-viveram-felizes-para-sempre-terra-prometida-nunca-encontrada

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Miguel Esteves Cardoso

Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É  preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para  sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

terça-feira, 27 de maio de 2014

I do curse a lot.

Não sei porquê, mas é meu costume no trânsito estar sempre a mandar vir, reclamar e a vituperar. Insulto muito, sim. E é bom porque, além de ninguém ouvir, descarrego boa parte do stress (ganho maioritariamente no trânsito mesmo), e alivio os nervos. E agora descubro que tem bom significado ahah.

 

segunda-feira, 31 de março de 2014

Eu dispenso

O grande segredo da felicidade não é – como os pseudo-génios da infelicidade defendiam e defendem – não pensar. O grande segredo da felicidade é dis-pensar. Dispensar o que é dispensável: o que nasceu para ser dispensável. Só quem dispensa o que tem de ser dispensável é que é feliz. E só é capaz de dispensar quem sabe pensar. Pensar a sério. Só os génios dispensam. Qualquer burro é capaz de pensar. Mas dispensar está reservado a uma elite de predestinados. A uma elite de felicinados: de alienados de felicidade.

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in "O Livro dos Loucos", de Pedro Chagas Freitas

quinta-feira, 6 de março de 2014

Messed up

- Estou confuso.
- Com quê?
- Não sei.

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in "O Livro dos Loucos", de Pedro Chagas Freitas


My point exactly.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Apetece-me FP, o único que me compreende...

NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete! 


Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!


Álvaro de Campos, in "Poemas"

Lisbon Revisited (1923) 

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

To give up

“O pior é sempre o momento em que se desiste. Mas pior ainda do que o momento em que se desiste é o momento em que se decide desistir. O momento em que, com coragem, se consegue dizer: acabou.
Pior do que o efectivo instante em que acaba é o efectivo instante em que se decide que acabou. É aí, e não antes nem depois, que a dor maior assoma: é aí que a derrota assoma.
Pior do que perder é ser obrigado a decidir perder.”

Pedro Chagas Freitas


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Inelutável



“Há decisões que não decidimos; há decisões que nos são decididas. Decisões que, por mais voltas que dermos, por mais sins e nãos que quisermos, e conseguirmos, dar, nunca passarão de ser exactamente aquilo que estavam destinadas a ser.
Há sins que por mais vezes que sejam ditos nunca evitarão os nãos que no final serão ditos. E, claro, há nãos que por mais vezes que sejam ditos nunca evitarão os sins que no final serão ditos."
Pedro Chagas Freitas

quinta-feira, 17 de junho de 2010

doença.

a cidade está deserta e alguém escreveu o teu nome em toda a parte....
nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas....
em todo o lado essa palavra repetida ao expoente da loucura...
ora amarga...ora doce...
para nos lembrar que o amor é uma doença...
quando nele julgamos ver a nossa cura...

quarta-feira, 9 de junho de 2010

ELOGIO AO AMOR - Miguel Esteves Cardoso in Expresso

"Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.
Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não  se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem  planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de  ser combinado.
Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O  amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão,  que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão  prática.  O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade,  ficam"praticamente"  apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores  do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a  saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como  um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? 
O amor é  uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para  onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O  amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe,  não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é  necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por  muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. 
E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo  de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."




Será que ainda existe?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Gato que brincas na rua


Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama
Invejo a sorte que é tua
Por que nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes. 


És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

sábado, 28 de novembro de 2009

*And so the lion fell in love with the lamb...*

terça-feira, 20 de outubro de 2009

i'm just a little girl

I'm just a little bit
Caught in the middle
Life is a maze
And love is a riddle
I don't know
Where to go
Can't do it alone
I've tried
And I don't know why

I'm just a little girl
Lost in the moment
I'm so scared
But I don't show it
I can't figure it out
It's bring me down
I know
I got to let it goooooo
And just enjoy the show


terça-feira, 24 de março de 2009

Esta coisa de gostar de alguém...

(texto longo mas vale a pena...)


Esta coisa de gostar de alguém não é para todos e, por vezes – em mais casos do que se possa imaginar – existem pessoas que pura e simplesmente não conseguem gostar de ninguém. Esperem lá, não é que não queiram – querem! – mas quando gostam – e podem gostar muito – há sempre qualquer coisa que os impede. Ou porque a estrada está cortada para obras de pavimentação. Ou porque sofremos de diabetes e não podemos abusar dos açucares. Ou porque sim e não falamos mais nisto. Há muita gente que não pode comer crustáceos, verdade? E porquê? Não faço ideia, mas o médico diz que não podemos porque nascemos assim e nós, resignados, ao aproximar-se o empregado de mesa com meio quilo de gambas que faz favor, vamos dizendo: “Nem pensar, leve isso daqui que me irrita a pele”.

Ora, por vezes, o simples facto de gostarmos de alguém pode provocar-nos uma alergia semelhante. E nós, sabendo-o, mandamos para trás quando estávamos mortinhos por ir em frente. Não vamos.. E muitas das vezes, sabendo deste nosso problema, escolhemos para nós aquilo que sabemos que, invariavelmente, iremos recusar. Daí existirem aquelas pessoas que insistem em afirmar que só se apaixonam pelas pessoas erradas. Mentira. Pensar dessa forma é que é errado, porque o certo é perceber que se nós escolhemos aquela pessoa foi porque já sabíamos que não íamos a lado nenhum e que – aqui entre nós – é até um alívio não dar em nada porque ia ser uma chatice e estava-se mesmo a ver que ia dar nisto. E deu. Do mesmo modo que no final de 10 anos de relacionamento, ou cinco, ou três, há o hábito generalizado de dizermos que aquela pessoa com quem nós nos casámos já não é a mesma pessoa, quando por mais que nos custe, é igualzinha. O que mudou – e o professor Júlio Machado Vaz que se cuide – foram as expectativas que nós criamos em relação a ela. Impressionados?

Pois bem, se me permitem, vou arregaçar as mangas. O que é díficil – dizem – é saber quando gostam de nós. E, quando afirmam isto, bebo logo dois dry martinis para a tosse. Saber quando gostam de nós? Mas com mil raios, isso é o mais fácil porque quando se gosta de alguém não há desculpas nem “ ai que amanhã não dá porque tenho muito trabalho”, nem “ ai que hoje era bom mas tenho outra coisa combinada” nem “ ai que não vi a tua chamada não atendida”.

Quando se gosta de alguém – mas a sério, que é disto que falamos – não há nada mais importante do que essa outra pessoa. E sendo assim, não há sms que não se receba porque possivelmente não vimos, porque se calhar estava a passar num sítio sem rede, porque a minha amiga não me deu o recado, porque não percebi que querias estar comigo, porque recebi as flores mas pensava não serem para mim, porque não estava em casa quando tocaste.

Quando se gosta de alguém temos sempre rede, nunca falha a bateria, nunca nada nos impede de nos vermos e nem de nos encontrarmos no meio de uma multidão de gente. Quando se gosta de alguém não respondemos a uma mensagem só no final do dia, não temos acidentes de carro, nem nunca os nossos pais se sentiram mal a ponto de nos impossibilitarem o nosso encontro. Quando se gosta de alguém, ouvimos sempre o telefone, a campaínha da porta, lemos sempre a mensagem que nos deixaram no vidro embaciado do carro desse Inverno rigoroso. Quando se gosta de alguém – e estou a escrever para os que gostam - vamos para o local do acidente com a carta amigável, vamos ter com ela ao corredor do hospital ver como estão os pais, chamamos os bombeiros para abrirem a porta, mas nada, nada nos impede de estar juntos, porque nada nem ninguém é mais importante, do que nós.


Fernando Alvim